A Ilha do Tesouro (Parte 2)

 

Continuação da Parte 1

J. F.
     Esse documento, lacônico e para mim incompreensível,encheu do entusiasmo Os meus dois amigos. O cavaleiro disse ao Dr. Livesey que, em menos de duas semanas, teria à sua disposição um navio com a respectiva equipagem e que o médico e eu iríamos com ele.

     O médico aceitou a proposta e eu também. Muito tempo se passou antes que tudo ficasse pronto para
a viagem. O Dr. Livesey foi a Londres para arranjar um substituto que atendesse à sua clientela, e o cavaleiro ficou só no castelo.

     Algumas semanas depois, escreveu uma carta ao médico e a mim, Jim Hawkins, chamando-nos com urgência a Bristol para partirmos. Informava-nos; que já comprara uma goleta, dando-lhe o nome de “Espanhola”, e que contratara uma tripulação escolhida, inclusive um cozinheiro-mor chamado
Long John Sílver, velho marinheiro, que não tinha uma dos pernas.

     Lida a carta, fui ter imediatamente com minha mãe, despedi-me dela comovido e, no dia seguinte de tarde, tomei a diligência para Bristol. O cavaleiro me esperava num hotel próximo do porto. E no mesmo noite do minha chegado mandou-me levar um bilhete a John Silver, na taberna do “óculo”. O nosso cozinheiro-mor me recebeu cordialmente no estabelecimento de sua propriedade. Era alto, forte, sorridente e tinha um rosto feio e sem barba, porém inteligente, tal como o descrevera o cavaleiro. Pouco após a minha chegado, um dos fregueses no outro lado do saia levantou-se de repente, correu à porto e saiu. Logo reconheci nele o “Cão Negro” e gritei que o detivessem. ‘ Ouvindo o meu grito, John Silver veio até junto de mim; contei-lhe a
história do “Cão Negro”, do cego, do pobre Capitão, e ele , sem demora, mandou dois homens atrás do fugitivo.

     Fiquei no taberna a conversar com os marinheiros até noite avançado. Depois, John Silver acompanhou-me ao hotel onde o cavaleiro e o Dr. Livesey, que regressara de Londres, me esperavam. O cavaleiro comunicou então aos presentes que, às quatro horas da manhã do dia seguinte, a “Espanhola” levantaria âncora em direção à Ilha do Tesouro e que ele mesmo comandaria a expedição.

     Fomos todos para bordo cedinho.

     Pouco antes de partir, o capitão Smollett, comandante do,“Espanhola”, conversou longo e animadamente com cavaleiro.Os dois homens falaram sobre o navio, a equipagem e a expedição, manifestando opiniões no maioria divergentes. Por fim, o capitão ordenou que levassem as armas e munições de bordo para a poupa, próximo do camarote.

Os homens do equipagem obedeceram sem discutir. Então, a “Espanhola” fez-se ao largo.A expedição parecia ter nascido sob boa estrela. O navio era bom, a tripulação e o comandante eram verdadeiros homens do mar, e o cavaleiro e o médico, sobretudo este último, se mostravam sempre cordialíssimos amigos.

     Os primeiros dias passaram depressa e, excetuando queda no mar do nosso imediato, um homem sempre embriagado e cambaleante, nada perturbou a viagem. Ao por do sol, após o meu turno de guarda, ia freqüentemente à cozinha ter com ‘o velho John, que falava das aventuras do capitão Flint e me mostrava, encantado, as proezas do seu papagaio, animal - dizia ele - com cerca de duzentos anos de idade.

     No último dia de viagem, após terminar o meu serviço, resolvi ir tomar mel no porão. Enfiei-me no barrica que o continha e encontrei-a quase vazia; cansado, acomodei-me no fundo e estava para adormecer, quando um homem se sentou pesadamente em cima dela. Já me dispunha a sair da barrica, quando ele começou a falar. Era a voz de Silver.

     Falou demoradamente. Contou, pela centésima vez, as aventuras do terrível capitão Flint, seu antigo comandante,comunicou aos marinheiros que eles em breve seriam bem recompensados, lamentou-se de haver dissipado em pouco tempo um grande patrimônio e continuou seu tenebroso discurso com palavras de lisonja a todos os marinheiros da “Espanhola”. Depois, em voz baixa, expôs o seu plano.

     Ele, John Silver, deixaria o cavaleiro e o capitão atingirem a ilha e descobrirem o tesouro, e os ajudaria a embarcá-lo. Mas, na viagem de regresso, o navio e o tesouro passariam,pela força, às seus meios e às dos marinheiros seus amigos. E o capitão e o cavaleiro nunca mais reveriam Bristol.

     Os marinheiros que o rodeavam, e que eu não podia ver,fizeram-lhe ainda algumas perguntas, depois do que, exultantes, concordaram com a sinistra proposta. Por fim, apanharam algumas garrafas de uísque numa barrico e brindaram à boa sorte do empreendimento. Nesse momento, o gajeiro gritou: “Terra à vista! Num instante, todos os homens subiram à coberta. O capitão perguntou a Silver, que já estivera na ilha noutro navio, qual era o lugar mais apropriado para deitar âncora, e o velho John indicou-lhe a parte sul, no lado posterior da ilhota.

     Terminada a manobra de ancoragem, o capitão reuniu os seus homens no tombadilho e dirigiu-Lhes algumas palavras, convidando-os por fim a beberem à saúde do cavaleiro e à boa sorte da empresa. Logo depois, o Dr. Livesey, atendendo a um aviso meu, mandou. chamar-me ao camarote do capitão. Contei-lhe minuciosa e rapidamente a conversação de Silver com os marinheiros. Diante disso, o capitão começou preparar, de acordo com o cavaleiro e o médico, um plano de ação. Assim ficou estabelecido que todos fingiriam ignorar a trama urdida por John Silver e iniciariam a busca do tesouro conforme estava combinado. Fez-se conta dos marinheiros em que se podia confiar: eram sete, e entre eles eu, contra dezenove robustos homens’ do mar.

     Na manhã seguinte, os marinheiro desceram ao mar com os escaleres para rebocar o navio, enquanto Long John empunhava a barra do leme. Ancoramos num fundo de areia fina.. A queda do âncora no mar fez com que bandos de pássaros levantassem voo e, piando, partissem em direção às matas. Logo em seguida, tudo voltou ao silêncio.

Deixando os escaleres no mar e voltando arquejantes e suados para bordo, os marinheiros começaram logo a querer amotinar-se. Permaneciam no coberto a confabular entre si, e a menor ordem era mal acolhida e mal executada. Preocupado com esta situação ameaçadora, o capitão dirigiu-se ao camarote do cavaleiro e convenceu-o de que o melhor era deixar os marinheiros darem um passeio em terra: se todos ele  se achassem na ilha, - concluiu - a corveta ficaria em nosso poder e tudo terminaria bem. Assentado isso, o capitão deu logo ordens naquele sentido e todos os marinheiros, ao ouvi-lo, soltaram vários vivas que ecoaram longe.

     Num instante a expedição. ficou pronta: seis homens permaneceram a bordo e os outros treze, incluído Silver, embarcaram nos escaleres. Entrementes, Hunter, Joyce e Redruth, os únicos marinheiros que tinham permanecido fiéis ao cavaleiro, foram inteirados dos planos combinados entre nós. Quando a expedição de Silver estava para deixar o navio, resolvi apanhá-la: rapidamente saltei num bote, agachei-me num conto e ele partiu sem novidade.

     Ninguém me notou. Desembarcando, deixei os homens de Silver e corri em frente até não poder mais. Satisfeito de ter escapado das mãos de Long John, comecei a explorar a Ilha do Tesouro. De repente, alguns patos selvagens levantaram voo o que me fez compreender que ali perto havia gente. Amedrontado, escondi-me numas moitas e aí fiquei deitado à escuta. Não tardei o ouvir duas vozes. Uma, a mais forte e a mais firme, era de Silver. O cozinheiro-mor falava rudemente a um velho marinheiro de nome Tomás, que não queria acompanhá-lo na sua traição.

     Tomás suplicava-lhe que o deixasse em paz, que não o obrigasse a roubar e a matar, mas Long Silver, cinicamente, procurava vencer,-lhe os escrúpulos. Por fim, vendo que as suas palavras eram inúteis, o malvado John matou-o a golpes de muleta. Pouco adiante, quase no mesmo instante, os seus - homens
davam o mesmo fim a outro marinheiro fiei, chamado Alan.Depois de mandar atirar no mar os cadáveres de Tomás e de Alan, John Silver tirou do bolso um. apito e deu alguns silvos, que soaram frouxos no ar cálido.

     Compreendi que o velho pirata estava chamando seus companheiros e isso como que me deu asas: desatei de novo a correr. Minutos mais tarde, quando dei por mim, chegava junto de um morro, no alto do qual se viam carvalhos e pinheiros. Parei para tomar fôlego. Já pensava estar outra vez livre de perigo, quando notei
que um vulto corria agilmente por entre as árvores. Vi-me dentro dois fogos. Logo em seguida, o mesmo vulto .tornou a surgir e pareceu querer dar uma longa volta para atacar-me. Sentindo-me perdido, tirei a pistola do bolso e avancei com grandes passos para o desconhecido. Ele estava escondido atrás de uma árvore e, mal me viu aproximar, atirou-se de joelhos no chão e estendeu para mim as mãos suplicantes.
 
     Perguntei-lhe quem era. Respondeu-me, com voz rouca., que ora Ben Gunn. Vi que se tratava de um homem manco queimado pelo sol, vestido com pedaços de pano de tecido
impermeável, unidos entre si por um curioso sistema de cordões.

     Ganhando coragem, contou-me que fora abandonado naquela ilha havia três anos e que, durante esse tempo, e alimentara de cabras. e mariscos. Falou-me da sua aventurosa vida de pirata e da sua regeneração. Finalmente,depois de me ter dado a saber que era muito rico e poderia fazer muita coisa por mim, perguntou-me se o meu navio não era porventura o do capitão Flint. Respondi-lhe que não, mas acrescentei que a bordo havia muitos homens desse capitão.

     Ben Gunn começou então a fazer-me perguntas. Quis saber se no navio havia uma certa pessoa..só. Disse-lhe que sim. Ele então pronunciou ameaçadoramente o nome de Long John Silver e pediu-me que lhe
contasse toda a minha história. Assim fiz, depois do que ele me narrou todas as vicissitudes por que passara. Disse-me que o. próprio Flint e Long John Silver o tinham desembarcado na ilha, deixando-o
sozinho com uma espingarda, uma enxada e uma picareta. Acrescentou que punha o seu bote à minha disposição e manifestou esperanças de que em breve estaria no navio ao meu lado e do médico.
As suas últimas palavras foram abafadas por um disparo de canhão, logo seguido de tiros de espingarda. O combate começara.

     Verificando o meu repentino desaparecimento assim eu soube dias mais tarde - o Dr. Livesey e o velho Hunter resolveram descer a terra. Encaminharam-se por o lugar em que na carta geográfico estava assinalado um pequeno forte X , desembarcaram sem ser vistos e internou-se no ilha,empunhando duas pistolas carregados. Nem bem tinham caminhado cem metros e já se achavam junto de uma cabana transformado em fortim. O Dr. Livesey pôs-se a examiná-la atentamente; notou, visivelmente satisfeito,
que aquela construção feito de troncos de árvore dispunha de seteiras em todos os lados e estava provida
de água. Eis senão que, de súbito, ecoou o grito de um homem mortalmente ferido.

     Sem perda de tempo, Livesey e Hunter voltaram para a praia, embarcaram nos escolheres e em pouco tempo se encontravam outra vez no navio, onde reinava grande agitação. Mal chegou a bordo, o médico expôs seu plano ao capitão.Pouco depois,. Hunter, o médico e Joyce, restabelecido a ordem no goleta e carregados os canhões, dirigiram-se de novo para a costa num escolher. Em seguida transportaram
provisões para o fortim, deixaram aí dois homens de guarda e voltaram para bordo.

     O escaler foi novamente carregado com outras provisões, depois do que cinco homens, o capitão, o cavaleiro, Redruth, outro marinheiro fiel e livre, tomaram posição diante do praia. A última viagem foi menos afortunado que as precedentes.Mal o escaler deixou a goleta, os homens de Silver dispararam, de bordo, um tiro de canhão; não atingiram o alvo; mas logo soltaram outro tiro mais bem dirigido, que
alcançou a popa do escaler e este , já próximo do praia, afundou. O capitão e o médico permaneceram de pé, mas os três outros homens caíram no mar, reaparecendo pouco depois todos molhados. Boa pArte dos provisões se perdera.

     Conseguindo chegar ao fortim, os cinco homens, mais Hunter e Joyce, se prepararam para fazer frente ao iminente ataque dos piratas de Silver. O primeiro assalto, comandado pelo gajeiro Job Anderson, foi repelido como bem me recordo, estorvo no meio da mato com Ben Gunn, quando os primeiros tiros do combate foram disparados quatro certeiras descargas de fuzil.Mas, no segundo, o velho Redruth foi ferido e, malgrado a pronta intervenção do médico, morreu pouco depois.Deixei que o tiroteio acabasse e, despedindo-me de Ben Gunn, dirigi-me depressa ao forte.

     A morte do velho Tom entristeceu bastante os seis homens.Então, para levantar-lhes o ânimo, o capitão
Smolllett, tirando do bolso uma bandeira foi içá-la pessoalmente no forte. Avistando a bandeira, os piratas começaram a disparar. E assim continuaram durante a noite inteira - segundo me contou o Dr. Livesey - sem nenhum resultado. Contei o que se passara e todos me ouviram em silêncio. Só o médico é que me fez algumas perguntas a respeito de Ben Gunn, e eu lhe respondi da melhor maneira possível.

     No dia seguinte, bem cedo, fui despertado por uma voz que dizia: “Bandeira branca! E logo depois vi, com grande surpresa, aparecer Silver em pessoa. Ouvindo tais palavras, pus-me rapidamente em pé, esfreguei os olhos e corri a uma das seteiras. Avistei, no outro lado da paliçada, um homem segurando um pano branco, e Silver. O velho John, que trajava uma esquisita roupa azul com numerosos botões de couro e um chapéu ricamente enfeitado, apresentou-se diante do capitão e, em poucas palavras, fez-lhe saber que estava resolvido a ficar com o tesouro e queria a carta geográfica para poder encontrá-lo. Em troca, Long Silver garantia-nos a vida e se oferecia para levar-nos a todos, inclusive o capitão, para a Inglaterra.

    O capitão Smollett deixou-o falar e, quando Silver se calou para acender o cachimbo, respondeu-lhe secamente que a sua proposta não podia ser aceita, porque os defensores do forte estavam mais do que resolvidos a apoderar-se do tesouro. O rosto de Silver era terrível: a raiva fazia-lhe os olhos saírem das órbitas. Afastou-se dali coxeando e gritando que, dentro de uma hora, o forte seria destruído.

     Apenas Silver desapareceu, o capitão Smollett tomou as disposições para a batalha iminente: Hunter encarregou-se da defesa do lado leste, Joyce ficou a oeste, o cavaleiro, Gray e marinheiro fiei prepararam-se para defender flanco norte. O capitão, o médico e eu aprontamo-nos para qualquer
emergência. Enquanto aguardavam o ataque, os defensores do forte começaram a examinar os seus fuzis e o capitão pôs-se a andar de um lado para outro, com os lábios contraídos e o aspecto carregado.

     Alguns momentos se passaram, até que, subitamente, Joyce fez mira e disparou. Era o sinal. Soltando gritos de guerra, uma vaga de piratas saiu da mata e avançou para o lado norte, em direção ao fortim. Simultaneamente, detrás das árvores recomeçava a fuzilaria. Num instante, sob os, disparos de Gray e do cavaleiro, que era o nosso melhor atirador, três homens foram atingidos e um caiu nas proximidades do forte. Entrementes, apesar das perdas sofridas, quatro atacantes conseguiram penetrar em nossa trincheira armados até os dentes.

     Passou-se então a combater a descoberto, oque para nós significava o fim. Pressentindo o perigo iminente,
o capitão ordenou-nos que saíssemos- do forte e empunhássemos as facas. Obedecemos. Em pouco tempo, os assaltantes mais encarniçados caíram sob os golpes certeiros de Gray, do capitão e do médico; os outros desataram a fugir. Assim, não tardou que, dos atacantes, só restassem cinco estendidos no chão.

     Voltamos à nossa fortificação. Lá dentro, a fumaça dos disparos já estava meio dissipada e, assim, pudemos ver, ao primeiro relance, que Hunter jazia imóvel diante da sua seteira e que Joyce recebera uma bolo no cabeça. O capitão estava igualmente ferido. E, de mais a mais, gravemente, segundo me informou o médico. me pareceu irremediavelmente entregue a si mesmo e ao sabor dos ondas. Abandonando o meu bote, subi para a goleta.

     Fui, correndo, para a coberto e para o castelo da proa. Uma garrafa vazia com o gargalo quebrado me chamou a atenção: pouco adiante, Israel Hands e o marinheiro chamado “Barrete Vermelho” jaziam imóveis, com os rostos brancos como cera. Passei por eles, fui até o mastro grande, arriei a bandeira dos piratas e atirei-o no mar. Entrementes, Israel Hands mexeu-se e, vendo-me, falou-me com voz débil. Antes de mais nada, agradeceu-me por ter matado aquele maldito marinheiro.

Continua.......

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Artikel A Ilha do Tesouro (Parte 2) ini dipublish oleh Bruno pada hari segunda-feira, 26 de março de 2012. Semoga artikel ini dapat bermanfaat.Terimakasih atas kunjungan Anda silahkan tinggalkan komentar.sudah ada 0 komentar: di postingan A Ilha do Tesouro (Parte 2)
 

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